Eu sou quem sou
Uma breve história de quem vos escreve.
JP
10/23/20235 min leer


Prezado leitor,
Antes de adentrar ao tema que aqui discutirei, é de importância que saiba quem sou. Apresento-me como JP, pois não vejo relevância na divulgação de meu nome neste momento. No entanto, você conhecerá minha jornada, da qual poderá se inspirar e assimilar a revolução do autoconhecimento em sua própria vida.
Sou JP, e recentemente celebrei minha trigésima primavera. Chegar a este marco trouxe-me uma iluminação que me permitiu compreender minha existência e as experiências que moldaram o meu ser.
Durante trinta anos, criei diversas versões de mim mesma, o que tornou desafiador discernir qual delas representa minha verdadeira essência. No momento atual, estou passando por uma terapia no Centro Terapêutico Luz de Gaia, e mais adiante, compartilharei como o universo me conduziu até lá e como meu terapeuta, Neko, tem sido fundamental no meu processo.
Essa terapia tem me confrontado com a necessidade de abraçar a mudança existencial que vem brotando em mim há algum tempo, como o rugido de um leão ansiando por ser liberado. É notável como, em um espaço de apenas quatro anos, tenho vivenciado tantas transformações.
Viver é um constante rasgar-se e remendar-se, estou convicta de já ter encontrado essa ideia em minhas leituras pela internet. Essa reconstrução pode aparentar ausência de valor, mas, à semelhança da filosofia japonesa do Kintsugi, nossas cicatrizes nos tornam mais valiosos.
Assim como um vaso de cerâmica quebrado e reparado com pó de ouro, vejo a mim mesma: repleta de cicatrizes, mas ainda bela e única. Cada remendo acrescenta valor à minha existência, e meu objetivo é transbordar de autenticidade.
Tenho buscado essa sensação de transbordar, algo que muitas vezes procurei nos outros para preencher os vazios em meu interior. Aposto que você também já fez o mesmo, em algum momento de sua vida.
Minha infância transcorreu em uma cidade do interior, onde não residiam mais do que cem mil habitantes naquela época. Vivíamos em um bairro tranquilo, onde todos se conheciam. Até os meus nove anos, morei com minha mãe e seu companheiro, que me acolheu como filha, já que meu pai biológico havia partido antes mesmo de meu nascimento.
Estudei em uma escola exemplar que oferecia oportunidades à comunidade carente da região, com um ensino de primeira qualidade e excelentes instalações, que incluíam alimentação balanceada e fornecimento de material escolar e uniformes. Para minha família, que não possuía recursos naquela época, isso foi uma bênção.
A escola se tornou meu segundo lar, e eu desenvolvi um vínculo tão forte com ela que sofria durante as férias, ansiosa para voltar às aulas. Minha família era composta por minha mãe, meu padrasto, minha irmã mais velha e, ocasionalmente, outros parentes e amigos que moravam conosco.
Lembranças de festas, bebedeiras, drogas e brigas permeavam meu passado. Recordo-me da sensação de medo que frequentemente experimentava. Desde tenra idade, minha irmã e eu tínhamos inúmeras tarefas domésticas, mas, curiosamente, não havia cobrança em relação aos nossos estudos.
Por sorte, minha paixão pela escola e minha habilidade para obter boas notas me permitiram concluir todos os anos letivos sem reprovação. Meus tios e primos moravam nas proximidades de nossa casa, e uma prima em especial tinha uma conexão profunda comigo.
A diferença de idade entre nós correspondia a uma década, mas nossa proximidade era tão intensa que, quando ela se casou e teve um filho, acabei indo morar com eles. Neste novo lar, experimentei uma realidade mais pacífica, mas também enfrentei novos desafios de adaptação, pois era uma família diferente da minha de origem. Tarefas domésticas e o cuidado de uma criança pequena foram acrescentados à minha rotina.
Na segunda fase de minha vida, enfrentei a dificuldade de não poder expressar minha verdadeira essência. Essa época foi marcada por um excesso de drama e responsabilidades, uma dose considerável de culpa e um sentimento avassalador de gratidão.
Na época da faculdade, depois de alguns relacionamentos frustrados e devido ao controle excessivo do lugar onde eu vivia, decidi morar sozinha. Essa decisão nunca é fácil, especialmente quando há a crença de que um filho sai de casa apenas para estudar em outra cidade ou para se casar.
Ter decidido seguir minha vida numa etapa diferente, com meu espaço e minhas regras provocou um rompimento nas relações familiares. Após um longo período de sofrimento, que tenho certeza, foi doloroso para todos os evolvidos, a situação se resolveu mas então ocorreu o término do meu relacionamento que durou cinco anos no qual vivíamos uma união estável, trabalhávamos juntos e tínhamos muita historia compartilhada.
Experimentei o medo e a sensação de não ser digna de amor genuíno. Mais uma vez, me vi desprovida de um porto seguro. Foi também o meu primeiro contato com terapias holísticas, e nesse momento, busquei compreender por que não conseguia superar a dependência emocional.
Através das terapias da época, comecei a fortalecer-me e descobri que era mais forte do que imaginava. Com apenas dez sessões, tomei a difícil decisão de terminar o relacionamento, mudar de residência e, essencialmente, transformar completamente a minha vida. Vale ressaltar que este foi o ano da pandemia, e eu me vi forçada a permanecer em casa e buscar formas de terapia, algo que descobri enquanto cozinhava.
Cozinhando, descobri um aspecto de mim que estava adormecido. Isso gerou um profundo desconforto em relação à minha vida habitual. Procurei alternativas para seguir nesse caminho, inclusive cogitando a possibilidade de mudar de área, viajar e morar no exterior para expressar todo o potencial que sentia dentro de mim.
Adivinhe o que aconteceu? Me autossabotei. Essa escolha colocou em xeque o apoio da minha família, que não se materializou por razões pessoais. Vivenciei mais uma ruptura de contato, o que ocorreu em um momento particularmente turbulento da minha vida.
Eu já morava a mais de cem quilômetros da minha cidade natal e estava em uma localidade com uma fração mínima da população da cidade de onde eu vinha. Sentia-me isolada e mergulhada em uma depressão profunda. Já não me reconhecia. Ataques de pânico tornaram-se frequentes, ganhei mais de dez quilos, perdi a motivação para trabalhar e viver. Tinha vontade de me afundar em festas e bebidas. No entanto, como sempre, o aspecto espiritual da minha vida me conduziu a pessoas que me resgataram desse período sombrio.
Através dessas novas experiências, mergulhei profundamente em minha própria essência e percebi como estava me autodestruindo. Uma experiência levou a outra, levando-me a conhecer novas pessoas e, eventualmente, a mudar para uma cidade maior e mais movimentada, onde entrei em contato com o Centro Terapêutico Luz de Gaia e iniciei meu processo de cura e evolução.
Todas as experiências na vida têm seu propósito. A expressão de que "não cai uma folha da árvore que não seja pela vontade de Deus" é verdadeira. Ao revisitar brevemente a minha história, compreendo que cada indivíduo desempenhou um papel importante em minha jornada de vida, permitindo-me crescer por meio das dores e aprendizados.
Não me enxergo como vítima da minha história, mas sim como heroína. Quero compartilhar com você como consegui reinterpretar essas experiências e simplificar minha forma de viver. Embora ainda esteja em constante aprendizado, acredito que muitas pessoas já enfrentaram desafios igualmente intensos, e é meu desejo que todos possam perceber que esses momentos de sofrimento podem ser transformados em perdão e força, em vez de dor e ressentimento.
Agradeço por ter compartilhado um pouco da minha história.